segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Prevenção e Gestão de Conflitos

Sexta-feira passada (03/10/2008) começaram as aulas do Programa de Doutoramento em Política Internacional e Resolução de Conflitos da Universidade de Coimbra. A primeira aula foi dedicada a uma reflexão sobre tanto sobre o entendimento da paz quanto da violência. A discussão foi bastante intensa e, ao mesmo tempo, produtiva passando assim por alguns pontos fundamentais.

Primeiramente, foi debatido a eficiência do atual modelo (nomeadamente as missões de peacekeeping) das Nações Unidas em suas formas tradicionais (peace promotion, peacekeeping, peacemaking e peacebuilding) como resposta aos conflitos. Foi visto que este talvez possa ajudar mais, caso este não seja implementado de forma faseada, mas sim utilizando os instrumentos de maneira interdependente. A partir daí, foi percebida a necessidade de (re)pensar a separação entre paz/guerra para assim analisar realidades menos simplistas como por exemplo áreas de conflito intenso dentro de contextos de paz formal.

Nesta mesma direção, outro debate interessante girou sobre a separação entre o conflito e violência, onde o conflito faz parte inerente de todas as sociedades, ou seja, não pode ser “resolvido” mas sim transformado. Entretanto, o que pode, e deve, ser evitado é a violência. Assim sendo, a paz seria o contraponto à violência, e não ao conflito. Com isso, passa-se a olhar formas de como as sociedades podem gerir os conflitos de maneira não violenta e direcioná-lo de forma positiva.

Em terceiro lugar, o debate passou por avaliar quais seriam as (pré) condições necessárias que deveriam nos guiar quanto ao pensamento de quando intervir. Dentre vários pontos debatidos, os mais recorrentes foram a questão humanitária e a existência ou não de instituições próprias capazes (e com interesse) de lidarem com o conflito. Embora não haja consenso nem repostas certas e erradas a este respeito, pode-se verificar que, entre diversas correntes, houve uma constante nesse debate: a de que não há como identificar, em termos de linha temporal, o(s) momento(s) mais adequado de intervenção (seja ela de qualquer cariz supra mencionado) invocados por tais instituições.

Finalmente, foi colocada também a questão dos fluxos que de alguma forma passam pelos conflitos, sendo esses nomeadamente armas ligeiras, drogas, pessoas, dentre outros. E como a regulação e em alguns casos estancamento de tais fluxos podem contribuir para a transformação do conflito para uma realidade não violenta.

Enfim, foi um grande debate, uma conversa bastante provocativa relativamente ao pensamento que incita à procura de alternativas (e.g., respostas) às violências, e esperamos que tenha sido tão proveitoso para todos como foi para nós.

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