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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


Estreia nos cinemas portugueses o filme Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meireles. O diretor de “Cidade de Deus” e “Jardineiro Fiel” baseado na obra do Nobel português José Saramago realiza um excelente filme.

Uma cidade é assolada por uma epidemia repentina e inexplicável. Uma pessoa no meio do trânsito alega ter ficado cega de uma hora para outra. Ao consultar médico e especialistas, vê que não existe nada fisicamente errado com seus olhos e volta para casa. No dia seguinte, mais e mais pessoas começam a ter a cegueira e de uma maneira inexplicável todos vão ficando cegos.

Para evitar mais contágio da misteriosa epidemia, o governo coloca os infectados em quarentena em um hospital velho e abandonado. Estes, são monitorados por guardas fortemente armados que os impedem de saírem do hospital. Logo, este está lotado e o sentido de sobrevivência vem à tona e o grupo entra em colapso. Primeiramente é feita uma divisão entre diferentes divisórias de camas, onde rapidamente percebe-se o tomar de lideranças, de que forma estas são respeitadas e criação de processos decisórios dentro dos diferentes grupos.

Em um ambiente assim, obviamente a briga pela comida será feroz e que controla esta controla todo o hospital. Rapidamente percebe-se a diferença de necessidades e de violências sofridas por homens e mulheres. Uma dessas, misteriosamente, não está cega e fingiu-se assim para ficar ao lado do marido, o médico. Ao ser a única que vê, a mulher do médico, possui papel central no grupo.

É um filme particularmente interessante para quem possui alguma sensibilidade para as Relações Internacionais, resolução de conflitos e questões de género. É um filme onde pode-se perceber claramente pontos como a “governamentabilidade/bio-política” de Foucault, ou o escalar e (d)escalar de um conflito, resolução pacífica (ou não) destes, assim como as diferenças vividas por homens e mulheres.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

W.


Chega às telas dos cinemas portugueses, W., mais um filme de Oliver Stone. O autor de JFK e Nixon lança um filme que é uma espécie de biografia do 43º Presidente Norte-Americano e ao mesmo tempo uma sátira ao seu comportamento e modo de pensar.

O filme tenta mostrar como George W. Bush, um estudante bêbado de fraternidade, foi crescendo politicamente para tornar-se o presidente da maior potência do planeta. W. mostra um rapaz fanfarrão que sempre está à sombra de seu pai, George Bush. Bush pai é herói de guerra, graduado com louvor em Yale, bem sucedido no negócio de petróleo e está em ascensão na política.

Stone exagera em muitos clichés e caracterizações, o que faz do filme fraco para quem espera pensar criticamente a política recente norte-americana. Contudo, ao exagerar nas caracterizações, torna claro para todos, inclusive aqueles que não acompanham a política dos Estados Unidos, pontos do processo de moldagem do atual presidente.

Ainda em Yale, W. faz parte da famosa associação Skull and Bones que para muitos está na origem dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, nomeadamente a criação da CIA. Ponto abordado no filme The Good Shepherd. Posteriormente W. tenta carreira no ramo de petróleo e financeiro mas sem qualquer sucesso. Chega inclusive a entrar na tão seletiva turma de MBA em Havard, mas nada disso tira a sua imagem de perdedor sem rumo.

Ponto de destaque do filme é a preferência clara por parte de Bush pai pela carreira política de Jeb Bush, irmão de W. George W. vê-se sempre preterido e sempre em busca de atenção e principalmente aprovação de seu pai. Ao concorrer à presidência, Bush pai sem ter Jeb (ocupado com a Flórida), chama W. para gerenciar sua campanha e ao ganhar as eleições, W. finalmente ganha algum respeito paterno.

Depois de sua mal sucedida campanha ao Congresso, W. se candidata com sucesso ao governo do Texas. Realiza uma campanha sem erros crassos, algo muito esperado pelos Democratas, e consegue assim chegar ao seu primeiro cargo executivo.Outro ponto exagerado, até mesmo ridicularizado, é o envolvimento de W. com a igreja. Em diversos pontos do filme o rezar faz parte do término das reuniões.

Percebe-se também, o destaque dado à influência de Dick Cheney (Vice-Presidente) no processo decisivo presidencial. Powell (na époce Secretário de Estado) é retratado como alguém moderado e sensato no meio de falcões, tendo suas visões e posicionamentos sempre questionados.

W. é um filme que não deve se esperar muitas reflexões críticas, contudo, vale como forma de observar um pouco mais de perto a vida do atual presidente em exercício norte-americano e tentar entender como sua vida reflete em muito suas decisões.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A volta de Saddam Hussein?!

Numa divertidíssima sátira à política externa de G.W. Bush, a série South Park conseguiu capturar de forma brilhante sua essência. Os fundamentos apresentados pelo governo norte-americano aquando da invasão iraquiana, em Março de 2003, não se afastaram muito das apresentadas pela série de televisão num hipotético retorno de seu maior protagonista: Saddam Hussain. A mesma gira em torno de um episódio das tão famosas armas de destruição em massa que estavam no cerne da questão no tocante a invasão deste mesmo país.

Na série, a sátira não podia ser melhor identificada quando o alto representante das forças armadas apresenta evidencias “claras” de um possível desenvolvimento desses armamentos no céu. Uma exposição não muito diferente da realizada pelo secretário de estado Colin Powell perante as Nações Unidas, em Fevereiro de 2003, afirmando que a existência de WMDs no Iraque estão baseadas em “evidências sólidas”.

Num outro momento, a perplexidade dos membros da Nações Unidas perante uma possível invasão do céu é totalmente alinhada com a hesitação da comunidade internacional diante da ligação por parte da administração Bush entre guerra contra o terrorismo, armas de destruição em massa e a invasão ao Iraque.

Confira o vídeo:

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Duelo de Titãs: Foucault vs Chomsky

"...a fundamental element of human nature is the need for creative work... free creation ... without the arbritarian limiting effect of coercive instituitions...any decent society should maximize the possibilities for these fundamental human characteristic to be realised... that means, trying to overcome elemens of repression/opression, destruction and coersion... existing in any society..."

Assim começa o debate entre dois grandes ícones da ciência política, que facilmente pode ser utilizado como fonte de idéas e discussões para o estudo das relações internacionais.

Chomsky, inicialmente exprime suas impressões de uma sociedade ideal, que visa a autonomia da natureza humana em relação às instituições coercivas presentes em todas as sociedades atuais. Por outro lado, Foucault critíca veementemente a organização e os instrumentos utilizados pelas elites políticas a fim de manter/defender seus interesses, como por exemplo o sistema de ensino ("distribuição do saber") e a psiquiatria.

Na segunda parte do debate, Foucault argumenta que a noção de justiça por si só, representa a reivindicação e a justificação de uma classe marginalizada/oprimida. Ponto que Chomsky claramente refuta e acredita ser reducionista...

Enfim, uma interessante discussão sobre a natureza humana, justiça, e a construção/estruturação da sociedade civil.


Enjoy !!!

Aprecie sem moderação!