quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Impacto da crise financeira na ajuda ao desenvolvimento na África


Muito tem se comentado sobre a atual crise financeira e seus impactos. Tem se falado sobre a intervenção Estatal na economia e seus planos de recuperação, sobre a possibilidade e necessidade de uma nova estrutura financeira internacional e inclusive os impactos da crise sobre por exemplo a América Latina.

Recentemente, um debate muito interessante ocorreu na rede de televisão Al Jazeera sobre os impactos da recente crise financeira na ajuda ao desenvolvimento na África. Dois posicionamentos bem claros puderam ser observador durante a discussão. Um deles é que toda essa crise financeira teria um impacto muito negativo na África, pois esta depende muito da ajuda externa e o orçamento dos países doadores seria muito afetado e portanto menos dinheiro estaria disponível para ser direcionado à ajuda externa. Fato esse que seria muito prejudicial aos africanos.

O ponto contrário é que esta crise financeira e consequente diminuição da ajuda ao desenvolvimento na África seria algo positivo para os africanos. O argumento é defendido dizendo que ao longo dos 30 anos de ajuda ao desenvolvimento na África, essa ajuda vem sendo acompanhada de inúmeras condicionalidades e que isso limita aos africanos de serem responsáveis por suas próprias políticas. Assim, tal ajuda seria muito mais contrária do que benéfica ao desenvolvimento africano.

Mark Duffield em seu livro Global Governance and the New Wars: The Merging of Development and Security mostra justamente o quanto as ajudas humanitária e ao desenvolvimento vem sendo securitizadas e o quanto esses instrumentos fazem parte justamente de uma governação global. David Chandler em Empire in Denial – The Politics of State-building argumenta justamente que atualmente, por meio das condicionalidades, no caso de países em desenvolvimento, ou por meio de políticas de reconstrução pós-bélica, no caso de países saídos de conflitos, os países centrais possuem um nível de interferência muito maior do que por exemplo no século XIX, contudo esses mesmos países fazem de tudo para negar tal poder e interferência, estando assim o Império em Negação.

Como pode ser visto, é um tema interessantíssimo e com muita margem para discussão.
Apreciem o debate!


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

W.


Chega às telas dos cinemas portugueses, W., mais um filme de Oliver Stone. O autor de JFK e Nixon lança um filme que é uma espécie de biografia do 43º Presidente Norte-Americano e ao mesmo tempo uma sátira ao seu comportamento e modo de pensar.

O filme tenta mostrar como George W. Bush, um estudante bêbado de fraternidade, foi crescendo politicamente para tornar-se o presidente da maior potência do planeta. W. mostra um rapaz fanfarrão que sempre está à sombra de seu pai, George Bush. Bush pai é herói de guerra, graduado com louvor em Yale, bem sucedido no negócio de petróleo e está em ascensão na política.

Stone exagera em muitos clichés e caracterizações, o que faz do filme fraco para quem espera pensar criticamente a política recente norte-americana. Contudo, ao exagerar nas caracterizações, torna claro para todos, inclusive aqueles que não acompanham a política dos Estados Unidos, pontos do processo de moldagem do atual presidente.

Ainda em Yale, W. faz parte da famosa associação Skull and Bones que para muitos está na origem dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, nomeadamente a criação da CIA. Ponto abordado no filme The Good Shepherd. Posteriormente W. tenta carreira no ramo de petróleo e financeiro mas sem qualquer sucesso. Chega inclusive a entrar na tão seletiva turma de MBA em Havard, mas nada disso tira a sua imagem de perdedor sem rumo.

Ponto de destaque do filme é a preferência clara por parte de Bush pai pela carreira política de Jeb Bush, irmão de W. George W. vê-se sempre preterido e sempre em busca de atenção e principalmente aprovação de seu pai. Ao concorrer à presidência, Bush pai sem ter Jeb (ocupado com a Flórida), chama W. para gerenciar sua campanha e ao ganhar as eleições, W. finalmente ganha algum respeito paterno.

Depois de sua mal sucedida campanha ao Congresso, W. se candidata com sucesso ao governo do Texas. Realiza uma campanha sem erros crassos, algo muito esperado pelos Democratas, e consegue assim chegar ao seu primeiro cargo executivo.Outro ponto exagerado, até mesmo ridicularizado, é o envolvimento de W. com a igreja. Em diversos pontos do filme o rezar faz parte do término das reuniões.

Percebe-se também, o destaque dado à influência de Dick Cheney (Vice-Presidente) no processo decisivo presidencial. Powell (na époce Secretário de Estado) é retratado como alguém moderado e sensato no meio de falcões, tendo suas visões e posicionamentos sempre questionados.

W. é um filme que não deve se esperar muitas reflexões críticas, contudo, vale como forma de observar um pouco mais de perto a vida do atual presidente em exercício norte-americano e tentar entender como sua vida reflete em muito suas decisões.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Novas Soluções para “Novos” Problemas – Um Novo Betton Woods?


Como já foi comentado aqui no nosso Botequim, as ações para conter a crise financeira internacional tem aberto algumas questões no tocante a governação econômica atual, nomeadamente as estruturas financeiras criadas no pós 2ª GM e sua capacidade de responder às crises do século XXI. Desde o início da crise financeira internacional que tanto os mercados financeiros quanto os próprios estados vêem buscando alternativas na tentativa de estancá-la. Nos EUA isso se materializou através da injecção de US$ 700 bilhões, assim como na Europa através de uma acção conjunta através da Comissão Europeia, um resgate de cerca de €2 triliões. Na América do Sul também já pode ser observadas mobilizações para discussão e ação face a crise no âmbito do Mercosul.
Semana passada ficou acordada, para o fim do ano, uma reunião para a discussão de reformas no sistema financeiro atual. Esta foi discutida brevemente em Camp David em um encontro entre Bush, Sarkozy e Manuel Barroso. A visão francesa é de que existe uma oportunidade para criar-se um “novo capitalismo”, livre das práticas passadas. Com base na reunião de Bretton Woods que formulou a nova ordem financeira internacional depois da segunda Guerra Mundial Sarkozy ainda sugeriu que este novo sistema financeiro internacional fosse cunhado na sede nas Nações Unidas em Nova York.
Apesar da necessidade de intervenção estatal e de uma reconfiguração urgente do sistema financeiro internacional, a forma pela qual esse processo deve se materializar está a gerar alguma inquietude e divergências no próprio seio dos estados-membros europeus. A França gostaria de ver a criação de um fundo soberano com o intuito de injetar Euros na economia europeia e segundo suas palavras “proteger campeões famosos da indústria europeia”. Sarkozy está se dirigindo diretamente aos fundos soberanos árabes, que devido à alta recente no preço do petróleo, estão às compras de empresas ocidentais.
A posição francesa é apoiada por Manuel Barroso e pela Itália, onde já possui legislação no parlamento com o intuito de limitar a ação de tais fundos estrangeiros. Estas posições são contrabalançadas pela Alemanha, onde tal ideia é vista como muita discordância e pela Espanha, que vem muito fortemente tentando atrair este tipo de capital externo.
Na tentativa de responder o que virá à frente, parece que o mundo está passando por um momento em que a intervenção do estado na economia veio para ficar e tal discussão acabou. Posição esse endossada e explanada por exemplo pelo historiador britânico Eric Hobsbawm, que acredita que estamos perante um separador de águas, comparando a atual crise financeira com o momento da queda do mundo soviético.
Fiquemos atentos ao desenrolar dos acontecimentos…




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quinze Dias...

Mais um nome de peso declara seu voto ao Senador Democrata Barack Obama, o General e ex-Secretário de Estado Colin Powell (ver). O anúncio foi feito ontem em uma entrevista em um programa matinal Meet the Press quando Powell diz que seu partido tomou “ direções preocupantes nos últimos anos” quando “moveu-se mais à direita do que ele gostaria de ter visto" (ver). Powell disse que Obama, dos dois candidatos, além de possuir uma agenda mais inclusiva, é uma figura transformadora, além de representar uma mudança de geração necessária para os Estados Unidos no momento.

Relativamente à McCain, Powell criticou seu julgamento no tocante à crise financeira e à escolha da Governadora Palin como sua vice, alegando que a mesma não está preparada para ser presidente dos Estados Unidos, o trabalho do Vice-Presidente para Powell. Além dos pontos acima, Powell destacou a crescente campanha negativa realizada por McCain, chagando inclusive a ligar Obama à terroristas, assim como insinuar que alguém de fé islâmica não poderia ser presidente dos Estados Unidos.

Powell trás para Obama um forte endosso, uma vez que o mesmo além de ter sido general em uma das guerras de maior sucesso entre os americanos, a do Golfo (a primeira), ocupou cargos como Secretário de Defesa, Conselheiro de Segurança Nacional, assim como Secretário de Estado. Trás portanto o peso de um especialista nas questões nas quais Obama recebe mais críticas, a segurança e as relações externas. Powell afirma que sua decisão não foi repentina, mas sim resultado de um processo que vem moldando seu apoio nos úlitmos meses. Asssim sendo, os debates promovidos pela comissão eleitoral norte-americana certamente que teve algum peso nesta decisão. Deste modo, aqui no nosso botequim, trazemos em suma os pontos mais altos deste último debate.

Meet the Press - Powell endorses Obama


No passado dia 16 de Outubro – há 19 dias das eleições norte-americanas – se deu o último debate (de três) entre os candidatos presidenciais. Mais uma vez, e talvez aqui o mais acirrado encontro entre os dois, Obama e McCain discutiram suas propostas de política interna (redução de impostos, seguro de saúde, alternativas energéticas, etc.). Sabendo de sua efetiva desvantagem, McCain trouxe ao debate o personagem do momento: Joe, the plumer ! Ora, a proposta de Obama se baseia num corte imediato de impostos para aqueles que ganham menos de 250.000 U$/ano, ou seja, a grande maioria da população norte-americana (95%). Assim, Joe, que atualmente ganha mais do que isso, veria um aumento em suas obrigações para com o Estado. E foi justamente neste ponto que McCain baseou seu discurso. Em termos menos rigorosos, nas conversas de botequim, isso se chama “desespero agudo”. Apesar das frases “eu não sou o presidente Bush” e “se quisesse concorrer com Bush deveria ter se candidatado há 4 anos”, o senador republicano não conseguiu convencer o público de sua emancipação face seu antecessor: “it didn’t happen!” diz Mark Preston a CNN (ver). De fato, Obama manteve cauteloso, calmo, e menos agressivo durante todo o debate, exactamente o oposto de seu rival. Em suma, pesquisas mostraram mais uma vez a superioridade do candidato democrata neste terceiro debate. Segundo a rede televisiva CNN, 58% de seus telespectadores acreditam que Obama realizou um melhor debate, contra 31% dos votos para o candidato republicano McCain (ver).

Atualmente, o senador Obama possui uma vantagem de 5% sobre McCain, bem como 277 dos votos gerais (sendo necessário 270 para vencer), como mostram os gráficos abaixo.
















Estaremos então perante uma fase da política norte-americana onde um Hussein irá depor um Bush? Ainda restam duas semanas para as eleições que, na linha temporal da briga política entre republicanos e democratas, é uma eternidade. Mas entre uma e outra conversa de botequim, estaremos atentos aos próximos petiscos desse cardápio…



Apreciem!!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A mão grande e nada invisível do Estado.


(fonte: IHT.com)

Ontem foi realizada a maior intervenção governamental no sistema bancário norte-americano desde a Grande Depressão. Nove dos maiores bancos dos EUA tiveram que aceitar vender suas ações ao Tesouro como forma do governo injetar US$ 250 bilhões no sistema bancário, plano este que teve sua origem do outro lado do Atlântico, com Gordon Brown. Essa foi apenas mais uma das inúmeras medidas tomadas pelos Bancos Centrais ao redor do mundo para lidar com a crise financeira. Dentre essas medidas está o sem precedentes corte de taxa de juros coordenada pelos principais Bancos Centrais do mundo, incluindo o americano (FED), o europeu (European Central Bank), o inglês (Bank of England) e “por coincidência”, segundo os chineses, o banco chinês (Banco Popular da China), além do famoso pacote de socorro de US$ 700 bilhões nos EUA.
Do outro lado do Atlântico, Gordon Brown (PM britânico), desenha um plano de resgate injetando um montante que pode chegar aos £ 500 bilhões. Brown consegue convencer seus pares europeus e uma Europa poucas vezes tão coordenada, libera em seu mercado um valor que pode chegar aos € 2 trilhões somando todos os
27 Estados-Membros. Sarkozy anunciou um pacote de € 360 bilhões, enquanto Merkel anuncia um de € 500 bilhões enquanto Áustria e Espanha disponibilizam perto de € 100 bilhões cada. Para uma linha do tempo da crise ver Linha do Tempo.

Toda essa intervenção estatal na economia global leva à uma série de questionamentos. Primeiramente, pode levar à uma surpresa ao ver os EUA, grandes advogados do mercado livre e não interferência estatal nos assuntos econômicos, realizando algo dessa magnitude. Contudo, uma análise mais cuidadosa percebe que essa não é a primeira vez que o Tio Sam assume o controle de partes da economia. Outras perguntas podem surgir no tocante à gestão da economia global, será que estamos assistindo ao fim da ideologia do liberalismo/neo-liberalismo?! Quais seriam as estruturas econômicas globais necessárias para lidar com os problemas do século XXI em diante? Uma vez que as atuais são moldadas para lidar com um mundo saído da 2ª GM e congelar o status quo em favor dos vitoriosos. Perguntas difíceis de responder.
Contudo algumas reflexões podem ser tiradas. A primeira e mais óbvia é que a grande interdependência nos obriga a pensar em respostas cada vez mais concertadas ao abordar problemas cada vez mais compartilhados. A segunda é que fica cada vez mais claro que se fazem necessários novos mecanismos de regulação e governação global no tocante à economia. Novas soluções para novos problemas. O impacto disso nas correntes teóricas económicas e nos currículos universitários ainda está por vir e debater.
Nessa crise toda, duas pessoas claramente saíram ganhando. A primeira delas é Gordon Brown. O Primeiro-Ministro inglês vinha passando por grandes dificuldades na política interna inglesa e o seu plano ao ser corroborado por seus pares europeus, cruzar o Atlântico e tornar-se política global para lidar com a crise dá mais fôlego a ele e consequentemente ao seu partido. Outra pessoa que saiu ganhando nesta crise toda está menos falado. É o mega investidor Warren Buffet ao ver a sua fortuna aumentar em US$ 8 bilhões e assim superar Bill Gates como homem mais rico do mundo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A volta de Saddam Hussein?!

Numa divertidíssima sátira à política externa de G.W. Bush, a série South Park conseguiu capturar de forma brilhante sua essência. Os fundamentos apresentados pelo governo norte-americano aquando da invasão iraquiana, em Março de 2003, não se afastaram muito das apresentadas pela série de televisão num hipotético retorno de seu maior protagonista: Saddam Hussain. A mesma gira em torno de um episódio das tão famosas armas de destruição em massa que estavam no cerne da questão no tocante a invasão deste mesmo país.

Na série, a sátira não podia ser melhor identificada quando o alto representante das forças armadas apresenta evidencias “claras” de um possível desenvolvimento desses armamentos no céu. Uma exposição não muito diferente da realizada pelo secretário de estado Colin Powell perante as Nações Unidas, em Fevereiro de 2003, afirmando que a existência de WMDs no Iraque estão baseadas em “evidências sólidas”.

Num outro momento, a perplexidade dos membros da Nações Unidas perante uma possível invasão do céu é totalmente alinhada com a hesitação da comunidade internacional diante da ligação por parte da administração Bush entre guerra contra o terrorismo, armas de destruição em massa e a invasão ao Iraque.

Confira o vídeo:

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Obama vs McCain - 2nd Round 08-10-2008







Nesta madrugada (2:00 GMT) ocorreu o segundo debate entre os candidatos presidenciais norte-americanos Barack Obama e John McCain. Como esperado, uma acirrada disputa entre republicanos e democratas que passou não só pelo tradicional divórcio partidário, mas também pela clara diferença no tocante à propostas apresentadas por cada candidato...
O debate se deu em um formato de “town hall meeting” o que em princípio poderia ser a chance de McCain tentar reverter a sua posição no tocante ao número de delegados, uma vez que tal formato é o que o candidato tem melhor performado. Até o momento, Obama tem está na liderança nas pesquisas, tanto no número de delegados quanto na importância dos assuntos tratados por este: fundamentalmente a economia (58%).

Portanto, o contexto é este: o desafio de McCain é apresentar “suas” ideias, de forma clara descolando-se assim ao máximo do pesado legado de Bush, uma vez que a atual crise financeira, é vista como repercussão da má administração deste. Imagem que Obama faz de tudo para colar mas ainda em McCain. Assim sendo, e como pode-se imaginar, no botequim essa conversa seria regada à muitos petiscos e várias skols …

O que se pretende aqui é sumariar os principais pontos que distanciaram os candidatos, tomaremos assim os seguintes tópicos,

ENVIRONMENT

McCain: We can work on nuclear power plants. Build a whole bunch of them, create millions of new jobs. We have to have all of the above, alternative fuels, wind, tide, solar, natural gas, clean coal technology.

Obama: Our goal should be, in 10 year's time, we are free of dependence on Middle Eastern oil. And we can do it. Now, when JFK said we're going to the Moon in 10 years, nobody was sure how to do it, but we understood that, if the American people make a decision to do something, it gets done.


IRAQ

McCain: If we had done what Senator Obama wanted done in Iraq, and that was set a date for withdrawal... then we would have had a wider war... Senator Obama would have brought our troops home in defeat. I'll bring them home with victory and with honour.

Obama: When Senator McCain was cheerleading the president to go into Iraq, he suggested it was going to be quick and easy, we'd be greeted as liberators. That was the wrong judgment, and it's been costly to us.


RUSSIA

Moderator: Do you think that Russia under Vladimir Putin is an evil empire?

McCain: Maybe.

Obama: I think they've engaged in an evil behaviour and I think that it is important that we understand they're not the old Soviet Union, but they still have nationalist impulses that I think are very dangerous.



IRAN/ISRAEL

McCain: What would you do if you were the Israelis and the president of a country [referring to Iran] says that they are determined to wipe you off the map, calls your country a stinking corpse?... We can never allow a second Holocaust to take place.
Obama: We cannot allow Iran to get a nuclear weapon. It would be a game-changer in the region. Not only would it threaten Israel, our strongest ally in the region and one of our strongest allies in the world, but it would also create a possibility of nuclear weapons falling into the hands of terrorists.

(todas as citações foram retiradas do site BBC News)


Estes foram alguns dos tópicos mais acirrados entre os candidatos. Assim, no nosso botequim gostaríamos de comentar alguns pronunciamentos (não respeitando nenhuma ordem acima mencionada). Ficou a impressão, e pode-se ver isso nitidamente nas transcrições do debate, que o candidato democrata tem efectivamente um plano a desenvolver, é mais claro e organizado na maioria das respostas e, sempre respondendo as questões com um tom de confiança, ponto este que ficou mais do que claro inclusive com relação ao entendimento dos candidatos relativamente à Rússia Fato que era explorado por McCain ao dizer que Obama não tinha se pronunciado de maneira clara quando estourou o caso Geórgia. Por outro lado, peca em alguns momentos do debate, principalmente alusivamente à questões de politica externa. No caso paquistanês, no seu “we have to act” (referindo-se ao respeito da soberania paquistanesa) Obama volta as inúmeras vezes que esta frase foi invocada por G.W. Bush aquando tanto da invasão afegã, quanto da iraquiana. No botequim a guerra do Iraque é totalmente injustificada, não se é entendido a ligação entre guerra do Afeganistão (contra o terrorismo) e a invasão iraquiana (guerra democrática?), ponto que foi sublinhado por Obama, e bem pouco desenvolvido por McCain.
É interessante notar, embora com palavras distintas, ambos os partidos (e candidatos) suportam o Estado de Israel contra o desenvolvimento de armas nucleares iraniano.

No geral, e este é um sentimento partilhado com os dados apresentado pela rede de televisão CNN logo após o debate (clique aqui), acreditamos que, não só McCain não conseguiu seus objetivos de se emancipar das políticas de seus partido e colega G.W. Bush, como perdeu nas disputas de palavras em sua batalha com o Obama. Em suma, o democrata continua, segundo as pesquisas (ver), a manter sua relativa vantagem sobre o republicano.

Mas no nosso botequim você também tem voz, entre na nossa “sondagem” e dê SUA opinião.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Prevenção e Gestão de Conflitos

Sexta-feira passada (03/10/2008) começaram as aulas do Programa de Doutoramento em Política Internacional e Resolução de Conflitos da Universidade de Coimbra. A primeira aula foi dedicada a uma reflexão sobre tanto sobre o entendimento da paz quanto da violência. A discussão foi bastante intensa e, ao mesmo tempo, produtiva passando assim por alguns pontos fundamentais.

Primeiramente, foi debatido a eficiência do atual modelo (nomeadamente as missões de peacekeeping) das Nações Unidas em suas formas tradicionais (peace promotion, peacekeeping, peacemaking e peacebuilding) como resposta aos conflitos. Foi visto que este talvez possa ajudar mais, caso este não seja implementado de forma faseada, mas sim utilizando os instrumentos de maneira interdependente. A partir daí, foi percebida a necessidade de (re)pensar a separação entre paz/guerra para assim analisar realidades menos simplistas como por exemplo áreas de conflito intenso dentro de contextos de paz formal.

Nesta mesma direção, outro debate interessante girou sobre a separação entre o conflito e violência, onde o conflito faz parte inerente de todas as sociedades, ou seja, não pode ser “resolvido” mas sim transformado. Entretanto, o que pode, e deve, ser evitado é a violência. Assim sendo, a paz seria o contraponto à violência, e não ao conflito. Com isso, passa-se a olhar formas de como as sociedades podem gerir os conflitos de maneira não violenta e direcioná-lo de forma positiva.

Em terceiro lugar, o debate passou por avaliar quais seriam as (pré) condições necessárias que deveriam nos guiar quanto ao pensamento de quando intervir. Dentre vários pontos debatidos, os mais recorrentes foram a questão humanitária e a existência ou não de instituições próprias capazes (e com interesse) de lidarem com o conflito. Embora não haja consenso nem repostas certas e erradas a este respeito, pode-se verificar que, entre diversas correntes, houve uma constante nesse debate: a de que não há como identificar, em termos de linha temporal, o(s) momento(s) mais adequado de intervenção (seja ela de qualquer cariz supra mencionado) invocados por tais instituições.

Finalmente, foi colocada também a questão dos fluxos que de alguma forma passam pelos conflitos, sendo esses nomeadamente armas ligeiras, drogas, pessoas, dentre outros. E como a regulação e em alguns casos estancamento de tais fluxos podem contribuir para a transformação do conflito para uma realidade não violenta.

Enfim, foi um grande debate, uma conversa bastante provocativa relativamente ao pensamento que incita à procura de alternativas (e.g., respostas) às violências, e esperamos que tenha sido tão proveitoso para todos como foi para nós.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Bem-vindos...

Hoje inaugura-se oficialmente o nosso botequim...

Num ambiente descontraído, relaxado e, ao mesmo tempo sério, pretende-se realizar uma análise crítica dos principais acontecimentos atuais. No nosso cardápio encontra-se políticas inter-nacionais, filmes, documentários, debates, livros, e muitos mais....

Sente-se, divirta-se e, essencialmente, aprecie SEM moderação !!!!


Ramon Blanco e Fernando Ludwig

Duelo de Titãs: Foucault vs Chomsky

"...a fundamental element of human nature is the need for creative work... free creation ... without the arbritarian limiting effect of coercive instituitions...any decent society should maximize the possibilities for these fundamental human characteristic to be realised... that means, trying to overcome elemens of repression/opression, destruction and coersion... existing in any society..."

Assim começa o debate entre dois grandes ícones da ciência política, que facilmente pode ser utilizado como fonte de idéas e discussões para o estudo das relações internacionais.

Chomsky, inicialmente exprime suas impressões de uma sociedade ideal, que visa a autonomia da natureza humana em relação às instituições coercivas presentes em todas as sociedades atuais. Por outro lado, Foucault critíca veementemente a organização e os instrumentos utilizados pelas elites políticas a fim de manter/defender seus interesses, como por exemplo o sistema de ensino ("distribuição do saber") e a psiquiatria.

Na segunda parte do debate, Foucault argumenta que a noção de justiça por si só, representa a reivindicação e a justificação de uma classe marginalizada/oprimida. Ponto que Chomsky claramente refuta e acredita ser reducionista...

Enfim, uma interessante discussão sobre a natureza humana, justiça, e a construção/estruturação da sociedade civil.


Enjoy !!!

Aprecie sem moderação!